No Dia Mundial do Autismo, 2 de abril, saiba como uma startup potiguar tem feito a diferença na vida de pessoas com atraso do neurodesenvolvimento.
Semanalmente, Miguel, de 11 anos, dedica pelo menos 20 horas a um acompanhamento multidisciplinar que inclui fonoaudiologia, terapia ocupacional e a Análise do Comportamento Aplicada (ABA). Reconhecida como a abordagem mais eficaz para pessoas autistas, a ABA é uma intervenção baseada em evidências científicas que busca desenvolver habilidades e promover a autonomia.
O primeiro contato de Miguel com a intervenção ABA ocorreu aos quatro anos e, logo, seu pai, Assis Barbosa, percebeu um detalhe que lhe chamou a atenção: a psicóloga registrava manualmente todas as atividades para depois transferir os dados para planilhas e transformá-los em gráficos. Desenvolvedor de sistemas egresso do curso de Bacharelado em Tecnologia da Informação (BTI) da UFRN, ele identificou aí uma oportunidade de melhoria para eliminar o retrabalho e digitalizar esse processo.
Foi assim que, em 2018, nasceu a startup potiguar WayABA, uma plataforma voltada para o gerenciamento de sessões terapêuticas de pessoas com atraso do neurodesenvolvimento. O sistema otimiza o tempo dos profissionais, reduzindo o uso de papel e possibilitando um acompanhamento em tempo real para terapeutas e analistas, além da visualização dos resultados pelos familiares dos pacientes.
Atualmente, a empresa integra o programa de incubação do Parque Tecnológico Metrópole Digital (Metrópole Parque) e opera no modelo B2B (Business to Business), atendendo principalmente clínicas especializadas. A plataforma já conta com mais de 350 clientes e pelo menos 8 mil usuários em todo o país.
A plataforma WayABA
O sucesso da WayABA está diretamente ligado à sua capacidade de gerenciar digitalmente protocolos de avaliação e currículos terapêuticos. A plataforma gera gráficos que mostram, de forma clara, os avanços no desenvolvimento da criança e as áreas que ainda precisam ser trabalhadas.
Para a psicóloga Fernanda Lima, que há oito anos atua com a intervenção ABA e há um ano e meio utiliza a plataforma, a tecnologia tem sido uma grande aliada. “A ABA é uma ciência que exige técnica e precisão. Antes, perdíamos muito tempo organizando os resultados em planilhas, o que tomava espaço do nosso trabalho clínico. Agora, conseguimos analisar rapidamente os dados, gerar gráficos e até trocar informações com outros profissionais que acompanham o paciente. Tudo pelo sistema ou pelo app no smartphone”, explica.
A plataforma é dividida em três módulos principais:
Sistema Web: permite a gestão completa da intervenção, incluindo anamnese inicial com os pais, aplicação de protocolos para avaliação das habilidades dos pacientes, criação de um plano de ensino e acompanhamento dos treinos por meio de gráficos, relatórios e estatísticas.
Aplicativo para terapeutas: possibilita a execução das atividades propostas, o registro de comportamentos interferentes, o controle da agenda de atendimentos e a inserção das evoluções dos pacientes.
Aplicativo para familiares: oferece acompanhamento em tempo real da evolução da criança, permitindo que os responsáveis entendam as habilidades já adquiridas e informem a ocorrência de comportamentos interferentes.
Tecnologia e inclusão
O Dia Mundial de Conscientização do Autismo, celebrado em 2 de abril, reforça a importância de iniciativas que promovam qualidade de vida e inclusão para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Para Assis Barbosa, CEO da empresa e pai de uma criança atípica, a tecnologia é um instrumento essencial nesse processo, mas sozinha não é suficiente.
“Há muitas iniciativas em curso, como jogos e aplicativos que melhoram a comunicação de pessoas com autismo. A WayABA vem para apoiar profissionais e famílias, proporcionando um acompanhamento mais eficiente. Mas é importante lembrar que, apesar de ser uma ferramenta poderosa, a tecnologia não é o fator mais determinante. O verdadeiro diferencial está na busca por inclusão real, no respeito às diferenças e no amor. Isso é o que realmente transforma vidas”, finaliza.
