Leva Eu Minha Mana chega a sua sexta edição com atividades gratuitas para o público em geral e convida referências mundiais da capoeira e outras culturas populares
Fotos: Vivian Moura
Capoeira, sol, mar, ancestralidade e multipluralidades. Esse é o combo potente da 6ª edição do Leva Eu Minha Mana, um encontro de manifestações culturais afro-indígenas com foco na capoeira angola, que conta com rodas de conversa, oficinas de capoeira e dança, performances e apresentações culturais. O Encontro Leva Eu Minha Mana vai acontecer de 22 a 24 de novembro de 2024, na praia de Cotovelo, com a roda de capoeira na Feira do Alecrim, e encerramento na Feirinha de frutas do Pium, com roda de samba. O acesso é gratuito para todes, as vagas são limitadas com hospedagem inclusa para os 30 primeiros inscritos através do formulário de inscrição: bit.ly/InscriçãoLevaEuMinhaMana2024.
Entre os convidados especiais estão confirmadas as presenças da Mestra Janja do Nzinga (BA), da capoeirista e multiartista Puma Camillê – Capoeira para Todes (MG/BA), Mestre Matinho e Mestra Tati, ambos do N´goma (RJ), Mestre Pedro Piloto com o Bambelô Abalô (RN), e do Balaio dos Capivaras grupo de samba de roda e forró de rabeca (PE).
O Leva Eu Minha Mana 2024 é organizado pelo Kilombo N’ganga através da Lei Paulo Gustavo-RN. O encontro promove a interação de um público diverso, de todas as faixas etárias e que acolhe todes os corpes.
Segundo Juliana Iyafemí, professora responsável pelo Kilombo N’ganga, o Leva eu minha mana 2024 tem como objetivo o fortalecimento da comunidade da capoeira, tanto os que vivem das suas aulas quanto aqueles que sobrevivem da filosofia da capoeira.
“Queremos fortalecer cada vez mais esse laço com a comunidade da Colônia do Pium, aonde está localizado o nosso kilombo, no litoral sul na divisa entre Parnamirim/Nísia Floresta, buscando a interação entre todes, deixando as portas abertas para que qualquer pessoa participar, sem restrição de gênero, classe, raça e etnia, e ressaltar a importância da acessibilidade de vários públicos dentro da capoeira como maneira de ampliar essa arte e confluir com combate ao racismo, homofobia, fascismo”, completa.
A professora Juliana tem formação enquanto capoeirista nas raízes do grupo consagrado e tradicional CECA – Centro Esportivo de Capoeira Angola, desde 2009, dentro da linhagem do mestre João Pequeno de Pastinha. Teve como mestres Guimes (MG) e Pé de Chumbo (BA), ambos da mesma escola. Em 2020, sai do grupo CECA e segue sua busca pela capoeira Angola e permanência através das aulas com crianças.
LEVA EU MINHA MANA
O encontro Leva Eu Minha Mana tem como mote a capoeira angola, convidando e dialogando com os encantos de manifestações culturais ancestrais como o coco de zambê, maculelê, o samba de roda, o forró, todos patrimônios imateriais da humanidade, fortalecendo o segmento da cultura popular local, gerando um movimento de circularidade financeira para os/as facilitadores/as.
O projeto se expressa dentro de uma contextualização histórica por meio da oralidade de mestres e mestras de capoeira e cultura popular, criando uma troca entre mais novos e mais velhos, integrando diferentes gerações e um protagonismo afro-indígena. Além disso, vale ressaltar o caráter multidisciplinar do projeto, com desenvolvimento musical e etnomusical, por meio de oficinas, apresentações e rodas de conversas e a destreza corporal a partir de oficinas ofertadas.
O encontro e sua produção tem o protagonismo feminino e negro, assim como a maioria das pessoas que organizam esse projeto LGBTQIA+. Por isso pensamos em uma organização plural e mais inclusiva possível.
SOBRE O N’GANGA @ngangakilombo
O grupo de estudos em capoeira angola N´ganga, surge em 2016 na cidade de Araguari-MG, com projeto “Capuerê”, onde havia oficinas de capoeira ministradas por Juliana Iyafemí nas escolas da zona rural. Posteriormente (2016-2018) o projeto social “Capoeira no terreiro”, acontecia aos domingos, com aulas de capoeira angola para comunidade periférica do bairro São Judas, na mesma cidade, dentro do centro espírita Xangô – segmento religioso Umbanda. Onde também o grupo ganhou, na cerimônia da câmara dos vereadores, a comenda Mestre Moreno, pelos exímios serviços prestados ao combate à intolerância religiosa e racismo.
Em 2018, teve início o grupo de estudos em Pium com foco em acolhimento de mães com crianças, quando Juliana dava aulas na Praça das Orquídeas para as crianças e adolescentes da comunidade e enquanto no quintal de sua casa se formava um espaço de trocas e rodas entre mulheres capoeiristas em permanência e retomada.
A construção da sede território se deu em meados de 2022, onde em paralelo, as aulas aconteciam no Bioatelier BAE no Pium, para adultos e terceira idade, sendo também alojamento para a quarta edição do Leva Eu Minha Mana. A partir de 2023 as aulas passam a acontecer no espaço território do kilombo, na Colônia do Pium, distrito de Nísia Floresta.
Em 2024 o N’ganga amplia o leque de possibilidades e, de grupo de estudos autônomo, passa para núcleo parte do grupo Ngoma, sediado no RJ, tendo como Mestra Tatiana, confluindo e expandindo, se caracterizando enquanto Kilombo de Permanência da Cultura e Luta Antifascista e outras. Atualmente as aulas seguem acontecendo às quartas na Colônia do Pium (Parnamirim/Nísia Floresta), e em Natal às sextas no Centro de Convivência da UFRN, além da consagrada Roda de Capoeira que acontece no último sábado de cada mês na Feira do Alecrim.
CONVIDADOS
Puma Camillê – Capoeira para todes (BA) – | pumacamille.com | @capoeiratravesti
Mãe do Ilê Legbara, Puma é uma força criativa gigante que une tradição e contemporaneidade em suas expressões artísticas. Sua habilidade em conectar a ancestralidade da Capoeira com a energia da Voguing cria uma arte única e poderosa, que inspira e a torna essa grande referência mundial. Esta será uma oportunidade para vivenciar a fusão de culturas e ampliar horizontes através da arte. Uma experiência transformadora e cheia de axé ao lado de uma artista tão inspiradora.
Mestra Janja (BA) – @janja_araujo
Sua presença e ensinamentos são uma fonte de inspiração para todes que praticam e vivem a capoeira. Este evento será uma oportunidade única de aprender, trocar experiências e fortalecer ainda mais nossa comunidade. Preparem-se para uma vivência poderosa e transformadora. E se ancestrais permitiram continuar, nós vamos continuar confluindo com aqueles/aquelas que estão disponíveis e acreditam no nosso trabalho enquanto kilombo N’ganga.
Mestra Tati – N’goma (RJ) – @tatitiia
Coordenadora do projeto social Casa Ngoma, onde colabora para a formação de crianças e adolescentes da comunidade da Babilônia no Rio de Janeiro por meio de atividades socioeducativas. Em uma trajetória de trabalho em diferentes estados brasileiros e outros países, colabora para a valorização e permanência das mulheres na capoeira. Iniciou sua trajetória na capoeira com Mestre Marrom em 1996 e desde cedo acompanhava o mestre e outros professores no ensino para crianças e adolescentes em escolas e projetos sociais.
Mestre Matinho – Grupo N’goma (RJ) – @matinhocapoeira
Márcio Ricardo Pereira Zucalli, o Mestre Matinho, tem 53 anos e é um mestre de capoeira angola reconhecido no meio cultural carioca da capoeira e outras manifestações africanas, e principalmente no trabalho desenvolvido com crianças na educação infantil através dos valores civilizatórios da capoeira angola. O seu método de ensino desenvolve brincadeiras e utiliza os elementos e saberes próprios do universo africano em diáspora, valoriza dessa maneira a oralidade e a corporalidade no aprendizado. Atualmente se dedica à pesquisa do samba chula, manifestação cultural e artística da região do recôncavo baiano (BA), e incentivador das pessoas com deficiências (PCD) na capoeira Angola.
Mestre Pedro Piloto – Grupo Bambelô Cajueiro Abalô e Boi Pintadinho (RN)
Pedro Carlos de Lima, mais conhecido como Pedro de Piloto, filho de Maria Marta de Lima e João Carlos de Lima (Piloto), nascido e criado na Rua Alto da Boa Vista, Vila de Ponta Negra. Aos 9 anos ingressou no Congo de Calçolas, onde já brincava seu pai, e no Boi Pintadinho da Vila. Aos 17 anos recebeu o convite para mestrar o Boi Pintadinho, regido na época por Zé de Tereza, e começou a brincar Bambelô com Mestre Tião Matias. Hoje mantém-se mestre do Boi Pintadinho e tem seu próprio grupo de Bambelô, o Cajueiro Abalô. Também foi brincante de Chegança, Fandango, Pastoril, Lapinha, e carrega até hoje as cantigas das brincadeiras na memória.
PROGRAMAÇÃO
SEXTA
10h – Chegada/Acolhimento
10h30 – Roda de Conversa – Capoeira LGBTQPNA+
12h – Almoço
15h – Oficina Puma Camillê
19h – Roda
21h – Cultural – Forró de Rabeca
SÁBADO
6h – Café da manhã
8h30 – Roda de conversa – Manejo Resíduos Orgânicos
9h às 12h – Roda de Capoeira na Feira do Alecrim
12h – Almoço
15h às 15h30 – Roda de Conversa – A Mulher na Roda e Diversidades
18h – Oficina Mestra Janja
20h – Cultural Mestre Pedro
DOMINGO
9h às 10h – Roda de Conversa – Pretitudes na Capoeira
10h às 12h – Oficina Mestra Tati
12h – Almoço
14h às 15h – Oficina para Crianças – Lar da Tia Beta
15h – Roda de Encerramento na Feirinha de Pium
17h – Samba de Roda Rural
SERVIÇO
ENCONTRO LEVA EU MINHA MANA 2024 – 6ª EDIÇÃO
De 22 a 24 de novembro de 2024
Rua Belém do Pará, 220 – Praia de Cotovelo, Parnamirim/RN
Acesso gratuito para todes
Informações e inscrições: bit.ly/InscriçãoLevaEuMinhaMana2024
Instagram @ngangakilombo