No Outubro Rosa, profissionais reforçam a importância de inserir a prática regular de exercícios físicos como uma poderosa aliada na prevenção e tratamento da doença
O câncer de mama é uma das doenças de maior incidência entre mulheres, mas, felizmente, a ciência tem mostrado que hábitos saudáveis, como a prática regular de exercícios físicos, desempenham um papel crucial tanto na prevenção quanto no tratamento dessa enfermidade. Estudos e especialistas indicam que a atividade física pode ser uma grande aliada das pacientes, ajudando a enfrentar os desafios do tratamento e a melhorar a qualidade de vida.
De acordo com a mastologista Betina Menezes, a prática regular de atividades físicas vai além da prevenção de doenças cardiovasculares: “Ela também ajuda a prevenir alguns tipos de câncer, incluindo o câncer de mama”. A especialista explica que o sedentarismo e a obesidade são fatores de risco importantes para o desenvolvimento do câncer de mama. Isso ocorre porque a gordura corporal pode aumentar a liberação de hormônios, como o estrogênio, por meio de um processo chamado aromatização periférica, elevando as chances de desenvolver a doença. “Manter-se ativo é uma forma eficaz de evitar esse cenário”, reforça Betina.
Para quem está em tratamento contra o câncer de mama, o exercício físico continua sendo um grande aliado. Betina Menezes ressalta que, além de manter o metabolismo e a imunidade elevados, a prática de atividades físicas auxilia na recuperação da mobilidade dos membros superiores, que muitas vezes é prejudicada em etapas como a cirurgia e a radioterapia. “Pacientes que já têm o hábito de se exercitar geralmente se recuperam mais rápido após a cirurgia, com menos complicações, como edemas ou perda de mobilidade, o que pode até reduzir a necessidade de fisioterapia”, explica.
Wesla Micaela, profissional de educação física na Bodytech Tirol, em Natal, reforça essa ideia, explicando que o exercício físico influencia positivamente na recuperação pós-mastectomia. “Atividades leves, como caminhadas e alongamentos, ajudam a aumentar a mobilidade, reduzir a dor e prevenir o linfedema, além de melhorar o bem-estar emocional da paciente”, comenta Wesla. Ela também destaca que, mesmo durante tratamentos mais pesados, como a quimioterapia e a hormonoterapia, o exercício físico pode minimizar efeitos colaterais, como fadiga, ganho de peso e alterações de humor, melhorando significativamente a qualidade de vida.
Maria do Carmo, de 47 anos, descobriu o câncer de mama após um exame de rotina no início deste ano. Pedagoga e praticante de atividades físicas na Bodytech, em Tirol, Maria passou por diferentes tratamentos até a cirurgia de quadrante para retirada do tumor. Ela conta que a prática de exercícios foi um fator fundamental em sua recuperação.
“Quando eu comecei a me exercitar durante o tratamento, percebi que meu corpo respondia melhor”, relata Maria. “A atividade física me ajudou a lidar com o cansaço, os efeitos colaterais da hormonioterapia e até mesmo com o meu emocional. Além de fortalecer o corpo, o exercício me deu uma sensação de controle sobre minha saúde, o que é fundamental quando você passa por algo tão desafiador como o câncer de mama.”
Depois da cirurgia, Maria encontrou nos exercícios físicos um refúgio para sua mente e corpo. “A academia virou meu escape. Fazer pilates, musculação e até dança me trouxe uma energia nova. O movimento me ajudou não só fisicamente, mas também a manter o equilíbrio mental. Acredito que o exercício foi parte essencial da minha recuperação, me dando força para enfrentar cada etapa do tratamento.”
Embora o exercício físico seja amplamente benéfico, tanto Betina Menezes quanto Wesla Micaela alertam para a importância de adaptar a rotina de atividades à condição de cada paciente. Durante a quimioterapia, por exemplo, são recomendados exercícios de baixo impacto, como caminhada e atividades aeróbicas leves, enquanto os de alta intensidade e força devem ser evitados.
Para pacientes que realizaram o esvaziamento axilar, uma técnica cirúrgica que remove linfonodos da axila, o cuidado deve ser redobrado. Nessas situações, o levantamento de peso no braço afetado deve ser limitado a, no máximo, 5 kg, a fim de evitar complicações.
O exercício físico é um poderoso aliado na luta contra o câncer de mama, tanto na prevenção quanto no tratamento. A prática regular não só melhora o bem-estar físico, mas também proporciona benefícios emocionais, ajudando as pacientes a enfrentar os desafios impostos pela doença e seus tratamentos. Para mulheres como Maria do Carmo, manter uma rotina de exercícios foi fundamental em sua jornada de recuperação, trazendo força, esperança e equilíbrio. O conselho dos especialistas é claro: mover-se é fundamental, e com o acompanhamento adequado, o exercício físico pode fazer toda a diferença na saúde e qualidade de vida das pacientes com câncer de mama.