De acordo com Priscila Griner, com planejamento e participação, atividades simples do dia a dia podem ser oportunidades para fortalecer os laços e exercitar a criatividade.
O recesso escolar é um período aguardado pelas crianças e adolescentes. Mas se por um lado representa a oportunidade de construir memórias e reforçar os laços de afeto, por outro, é desafiador para as famílias que precisam conciliar as férias com a rotina de trabalho. Equação que, segundo a educadora Priscila Griner, pode ser resolvida com planejamento em conjunto, escuta ativa e participação das crianças nas atividades diárias.
Uma pesquisa realizada pela Universidade de Cambridge analisou 78 estudos desenvolvidos em quatro décadas (entre 1977 e 2017) para estabelecer padrões entre o tempo que pais e filhos passavam juntos e o desenvolvimento das crianças. Os especialistas concluíram que a participação dos pais em brincadeiras ajuda no desenvolvimento da autoconfiança e do autocontrole comportamental.
“Existem várias formas de curtir as férias, de maneira que seja igualmente prazerosa para todos. O segredo é engajar-se ativamente na construção de momentos úteis e prazerosos, buscar diversão de formas diferentes. Até mesmo a organização da casa, dos espaços comuns, pode ser uma oportunidade para fortalecer os laços e promover senso de responsabilidade compartilhada”, destaca a diretora da Casa Escola.
Para ela, a família deve buscar a aceitação e a participação da criança, considerando um plano flexível, pré-construído, e reservar um momento de fazer junto. “É importante que se crie uma expectativa razoável para o que vai ocorrer durante o dia, reconhecer na criança o que ela gosta de fazer e propor atividades em que ela pode brincar sozinha ou, quando preciso, na companhia do adulto”, explica a educadora.
“Além dos jogos de tabuleiro, cartas e outras brincadeiras que já fazem o maior sucesso e são sempre bem-vindas, as manualidades são essenciais para os pequenos e podem se estender aos maiores também. Práticas como desenho, pintura, modelagem e – por que não – arrumar uma gaveta, brinquedos, livros, revisitar essas coisas que se amontoam e perdem a visibilidade, pode se tornar um momento de união”, completa.
Nas atividades ao ar livre, a dica é explorar os espaços domésticos e comunitários. “Quem sabe até se reunir com outras famílias e fazer uma trilha, um piquenique. E nem sempre é preciso sair de casa. Às vezes um piquenique no quintal ou um acampamento no jardim e no quarto podem ser tão divertidos quanto sair. É importante envolver as crianças em várias etapas da organização, um modo de estender o tempo de ficar juntos”, enfatiza Priscila.
E quando a tela for a opção mais viável no momento, a diretora da Casa Escola propõe formas de enriquecer a experiência. “A tela não tem que ser excluída, mas precisa ser limitada e supervisionada. A possibilidade de escolher o que assistir entre as opções existentes, comentar sobre o que assistiram, debater os temas abordados e trocar opiniões pode gerar um ambiente propício à reflexão, ao diálogo e ao compartilhamento de emoções e percepções”, conclui.