Pão Doce 20 anos: Grupo de teatro mossoroense promove programação especial em abril

Gorete Coelho é moradora do bairro Alto de São Manoel, zona leste de Mossoró/RN, há quase 35 anos, contados desde que casou. Desses, cerca de três décadas foram dentro da sala de aula, trabalhando como professora em escolas municipais da região. Hoje, aposentada, Gorete também é jornalista, recém-graduada.

“A minha relação com o bairro é de muita intimidade”, relata a moradora. Um amor antigo que, apesar do tempo, nunca deixou de crescer. Talvez o que faltava ali, para ela, era a possibilidade de vivenciar a arte, sobretudo o teatro, mais de perto, àquele que sempre foi uma de suas paixões.

Gorete conta que o seu respeito e admiração pela arte começou desde criança, e que esse amor foi essencial para levá-la a tomar decisões no futuro, como a escolha de uma graduação depois de aposentada. “Eu acho que o que me levou a ser jornalista foi exatamente isso: descobrir o que tem por trás da câmera, descobrir o que tem por trás das pessoas”, assume a mossoroense.

Essa conversa aconteceu ao final do espetáculo “A Casatória C’a Defunta”, da Cia. Pão Doce, grupo de teatro da cidade, na comemoração dos 10 anos da peça e 20 anos da Companhia. Com a casa cheia, a apresentação foi encenada na sede do grupo, o Espaço Cultural Teatro de Quintal, localizado no bairro onde Gorete mora. No entanto, era a primeira vez que a aposentada conhecia o local. Era como se, o que faltava por lá, finalmente tivesse chegado.

A apresentação da peça renomada da Cia. fez parte da abertura do projeto “Pão Doce 20 Anos” e contou com duas sessões esgotadas. O projeto é fomentado pelo Programa FUNARTE (Fundação Nacional das Artes) de Apoio a Ações Continuadas 2023, e consiste numa programação cultural e social que vai acontecer ao longo do ano de 2024, com atividades gratuitas para toda a população de Mossoró. E as próximas ações da programação já estão com as inscrições abertas!

No dia 06 de abril, quem toma a frente do projeto é a artista e trancista Simone França, com uma oficina de tranças afro, às 15:30h; já no dia 10 de abril, acontece a oficina “Narrativa e Escrita: nas Malhas da Ficção de Si”, com o psicanalista, escritor e intérprete de libras Daniel Guedes, às 19h; e, finalizando as atividades do mês, no dia 20, pais, mães, professores, cuidadores e mais poderão participar da oficina “Como Brincar e Estimular Crianças com Autismo”, com Marjoreen Paiva, artista e professora especializada na área. Tudo acontecendo no Espaço Cultural Teatro de Quintal, localizado no Alto de São Manoel, em Mossoró/RN.

Fotografia: Madson Ney.

OFICINAS ABRIL

Para a primeira oficina, Simone França promete mostrar como se faz tranças afro e quais são os tipos existentes, principalmente a nagô, bastante utilizada nos dias de hoje, assim como mostrar os tipos de materiais que podem ser usados nesse processo. Além disso, Simone pretendelevar conhecimento acerca da cultura afro no Brasil e, ainda, ensinar às pessoas presentes, sobretudo às mulheres pretas, um meio alternativo e eficaz de fazer uma renda própria.

“Com bastante prática, elas conseguem sim fazer uma renda diária, mesmo sendo iniciante. Uma trancista iniciante consegue atender, em média, de 6 a 8 clientes por dia com desenhos simples de trança nagô”, explica Simone França. Tudo isso e muito mais será repassado no dia 06 de abril. As vagas são limitadas e, para garantir a presença, interessados já podem retirar o ingresso através do link: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSeM8bvdYZVa-nKkTxFT_cYTKIdC0CflyuobJZJ5GUdt49QkcQ/viewform.

Na oficina seguinte, que acontece no dia 10 de abril, a programação ganha um ar mais literário. O psicanalista, escritor e intérprete de libras (inclusive do projeto “Pão Doce 20 Anos”) Daniel Guedes traz a oficina “Narrativa e Escrita: nas Malhas da Ficção de Si” para trabalhar o mais intrínseco da escrita do público. Segundo ele, a dinâmica fluirá a partir das narrativas de cada um e uma.

A ideia é estimular, na atividade, essa escrita que vem do corpo, de si, trazendo as experiências e perspectivas individuais, contando-as das formas mais variadas possíveis, deixando que tudo que está dentro fique à vontade para sair. “Como será que escreve um corpo exausto? Um corpo frustrado? Como será que escreve uma pessoa extremamente animada? Então, assim, todas essas emoções também entram em jogo no ato de escrever”, provoca Daniel.

Todos podem participar, sem restrição de receios. O último pedido do professor é que vão dispostos! As vagas são limitadas e a inscrição pode ser feita em: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSd0VFcpajmU6Wso4dqCOn8rYxwJ0Pr9QxMoYrwBcL2CmVfuvg/viewform.

Por fim, no dia 20 de abril, o projeto “Pão Doce 20 Anos” traz para a programação a oficina “Como Brincar e Estimular Crianças com Autismo”, ministrada pela artista, profissional de Educação Física, especialista em Psicomotricidade, e mãe atípica, Marjoreen Paiva. A atividade é voltada para pais, mães, cuidadores, professores, acompanhantes escolares e estudantes que trabalhem com crianças com autismo ou outros transtornos do neurodesenvolvimento.

O objetivo é oferecer conhecimento básico sobre essa condição, como suas características, dificuldades e potencialidades, mostrando o quanto entender esse universo é fundamental para vencer barreiras ligadas à inclusão e acessibilidade e promover estímulos eficazes para o desenvolvimento dessas pessoas.

A ação tem número limitado de vagas e estarão disponíveis no link https://forms.gle/sPgLf3KTmUTsCUpg8.

Lembra de Gorete? Então, ela está se organizando para participar de tudo o que ela conseguir. Prometeu ficar de olho nas mídias, redes sociais, para não perder e estar presente no que for possível. E ainda garantiu: “eu vou fazer questão de divulgar, porque o pessoal é muito acomodado. Eu tenho certeza que a comunidade, ao saber desse projeto aqui, com certeza vai se inserir melhor”, deseja Gorete Coelho.