A iniciativa da Casa Escola busca valorizar a ancestralidade e a diversidade cultural, refletindo a filosofia de uma educação transformadora.
Investir na valorização da ancestralidade e da cultura popular são as bases para uma educação antirracista. É com esta filosofia que a Casa Escola está incluindo a Capoeira no currículo escolar de parte da Educação Infantil. A modalidade, que já integra a grade do Grupo 5 e do 1º ano, com alunos entre 5 e 7 anos, em 2024 passa a compor também o programa do Grupo 4, com crianças a partir dos 4 anos de idade.
Símbolo de resistência e reconhecida mundialmente como prática que une esporte e arte, a capoeira é considerada uma das maiores manifestações culturais brasileiras. Para a coordenadora pedagógica da Educação Infantil, Claudiana Ferreira, a iniciativa é parte de um movimento maior. Ela defende que é no convívio saudável, desde cedo, que os obstáculos causados pelo estranhamento às diferenças se transformam em respeito e em aceitação.
“Temos desenvolvido diversos projetos para romper as barreiras raciais, construindo uma educação verdadeiramente transformadora e socialmente impactante. E tudo começa por auxiliar nossas crianças a compreenderem aspectos de sua identidade. Dessa forma, conseguimos provocar debates importantes sobre ancestralidade e respeito à diversidade, incluindo a participação de figuras representativas em nosso ambiente escolar”, explica a coordenadora pedagógica.
É o caso do Mestre Fumaça, responsável pelo ensino da capoeira na Casa Escola. Originário do Quilombo Capoeiras, em Macaíba, onde vive até hoje, o professor é membro da Associação Brasileira de Professores de Capoeira (ABPC). “Meu trabalho é mostrar para as crianças que a capoeira é muito mais que uma luta ou uma brincadeira. E é nessa interação que eu consigo passar um pouco da minha cultura”, destaca o educador.
“Espelho, espelho meu: quem sou eu?”
Uma outra iniciativa que tem abordado a temática da diversidade étinico-racial com os alunos da Casa Escola é o projeto “Espelho, espelho meu: quem sou eu?”, desenvolvido com a turma do Grupo 5. A atividade objetiva trabalhar a percepção das crianças sobre si mesmas, como seres com características únicas que devem ser valorizadas. E, assim, além de uma compreensão positiva sobre si, exercitam o respeito às diferenças uns dos outros.
“Por meio de atividades lúdicas e de leituras emblemáticas, como os livros Meu Crespo de Rainha e O Pequeno Príncipe Preto, a gente promove com os nossos alunos reflexões que envolvem autoimagem, senso de pertencimento, genealogia e outras questões subjetivas e emocionais. Também apresentamos conceitos como discriminação, racismo, cidadania e direitos individuais”, pontua Claudiana.