Por uma iniciativa da Inspirali, Paula Guimarães e Laura Lima estavam em Benin e contam experiência de colaborar com quase três mil atendimentos
Após quase duas semanas prestando atendimento médico em vilarejos de extrema vulnerabilidade em Benin, 5º país mais pobre do continente Africano, as duas representantes do Rio Grande do Norte da 1ª edição da Missão África retornaram ao Brasil com sentimentos renovados na bagagem: transformação, empatia e muito aprendizado.
Estudantes de Medicina da Universidade Potiguar (UnP), cujo curso é parte integrante da Inspirali, melhor ecossistema de educação em saúde do país, Paula Guimarães e Laura Lima juntaram-se a outros 28 futuros médicos e 14 docentes.
A dupla foi selecionada após ganhar destaque na Missão Amazônia, também da Inspirali, com o objetivo semelhante ao de proporcionar uma medicina humanizada nesses territórios como atividade prática e de extensão universitária. Ao todo, foram realizados cerca de três mil atendimentos em diferentes vilarejos de Benin.
Para Paula, a oportunidade de vivenciar o cuidado em saúde em uma situação completamente fora de sua zona de conforto e lidar com as diferenças e desafios inerentes ao processo foi algo positivo.
“Os choques culturais, assim como reconhecer onde nossas culturas se entrelaçam, onde todos nos encontrávamos como seres humanos passíveis de gargalhadas, sorrisos e lágrimas foi algo marcante. Vivenciar a alegria e simpatia do povo de Benin também foi muito inspirador”, relata.
Desafios como a língua e o volume de atendimentos também não foram empecilhos para Laura. “Nossa rotina consistia em acordar cedo, irmos até vilarejos diferentes ao redor de Adjarra e passar o dia atendendo. Cerca de 300 pacientes eram atendidos por dia, em francês, sempre na presença de um tradutor do idioma para os dialetos fon ou gum. Levávamos as medicações arrecadadas no Brasil e dávamos aos pacientes quando tínhamos disponível”, conta.
Com consultórios improvisados sobre sombra de árvores, atendimentos sendo realizados em blocos de tijolo e bancos que serviam de maca para exames, os alunos aprenderam também sobre diferenças culturais e tiveram que se adaptar ao idioma local. Em Benin, a mortalidade infantil chega próximo dos 50% no primeiro ano de vida e a expectativa de vida é em média 53 anos, o que deu um tom ainda mais desafiador ao trabalho.
De acordo com o diretor médico da regional Sul da Inspirali e coordenador do projeto, Rodrigo Dias Nunes, os alunos fizeram toda a diferença, mesmo diante de situações extremas e muitas emoções. “Nos primeiros dias, tínhamos que estar muito atentos a eles. Tivemos muitas conversas de acolhimento e de apoio. Mas percebi que foi uma experiência de transformação para todos. Eles deram um show de conhecimento, destreza, resiliência, habilidade, carinho, união, foram realmente incríveis”, elogia.