Rafaela Brito, Batuque de Mulheres e Pretta Soul lançam single “Saudade da Preta”

Resistência e sabedoria matriarcais são os temas do novo lançamento das artistas Rafaela Brito, Batuque de Mulheres e Pretta Soul. A música “Saudade da Preta”, que já está disponível em todas as plataformas digitais, evidencia a contribuição das mulheres lavadeiras para o sustento de suas famílias e faz um resgate às raízes dos potiguares cujas histórias estão entrelaçadas ao rio e ao mar.

A música – composta durante o projeto de convivência comunitária e artística “Margem Memória”, em 2019, pela cantora e compositora Rafaela Brito e pelo dramaturgo e diretor de teatro Jhoao Junnior – homenageia as matriarcas Maria de Lourdes, Maria das Graças, Maria Lobélia e Maria Lindalvânia, é a história de vida da artista Rafaela que é contada em cada verso.

“Um dia recebi uma ligação de Jhoao Junnior, ele queria que eu contasse um pouco da minha história para a construção de uma personagem. Ali eu trouxe as minhas memórias de pertencimento, da minha infância; da minha avó que me criou, uma mulher preta, lavadeira, junto com minha mãe, minha tia, uma família de mulheres. Na ausência de figuras masculinas, essas mulheres criaram umas às outras. Ele, que achou a história muito bonita, começou a escrever, dando início a música.” (Rafaela Brito – artista)

Rafaela começou a trabalhar muito cedo como faxineira, garçonete, entre outras funções, hoje é produtora cultural, cantora, compositora, multi-instrumentista e arte-educadora, desempenhando papéis fundamentais em projetos socioculturais como o Batuque de Mulheres do GAMI (Grupo Afirmativos de Mulheres Independentes) e o Flor de Cactos do GACC (Grupo de Apoio à Criança com Câncer). Como artista, lançou o EP “Rafaela Brito ao vivo no Festival Tesão Por Música (2022)” e o EP “Flor de Cactus (2021)”, além de atuar como percussionista, tocando com artistas como Tiquinha Rodrigues, Dudu Galvão, Ana Tomaz, Íris Lima, Khrystal, Dodora Cardoso e Dani Cruz.

Assim como o rio se movimenta para o encontro com o mar, “Saudade da preta” uniu a história de Rafaela Brito à história da rapper Pretta Soul, que acrescentou versos à canção a partir de sua vivência com sua mãe Maria e avós Eunice e Creuza, através de um convite feito por Rafaela. Pretta Soul é artista potiguar e trancista. Desde os 11 anos se dedica ao Hip Hop, tendo iniciado sua trajetória como b-girl. Como rapper lançou o disco “Poder Preto (2021)” e o documentário “Pretta Soul – Rap de Pretta, Rap de Mulher – A Trajetória de Jéssica Mayara no Hip-Hop (2020)”.

“Sempre que eu vou fazer minhas tranças lá na Pretta, a gente conversa sobre algum projeto. Numa dessas vezes, eu falei sobre “Saudade da preta”, disse que sempre lembrava dela quando cantava. Foi assim, conversando com ela, trançando meu cabelo, que a gente teve a ideia. Aí ela começou a compor, junto com Iyalê, parceira de composição dela. Elas se identificaram com a história e, uma parte da letra surgiu desse encontro”, destaca Rafaela.

“Essa música tem muito sobre cada uma de nós. Ela traz vivências e o amor nas lembranças de quem tanto nos cuidou e cuida. Das nossas Marias, nossas mais velhas, as nossas mães pretas. Quando ouvi pela primeira vez foi uma sensação linda, lembrei logo da minha vó Creuza, já falecida, e de vó Eunice, que sempre conta as histórias dela como lavadeira na beira dos rios. Essa composição foi conjunta com minha amiga Iyalê, que também compôs em alusão à sua matriarca, dona Nazaré, já falecida, a referência de mulher preta na sua vida e, também, das culturas populares de Muriú. As gravações foram um sucesso, com uma equipe de mulheres massa e de uma força ancestral banhada pelas águas dos rios de Pium e pela doçura da nossa mamãe Oxum”, completa Pretta.

“Quando eu escutei a música toda, com várias lavadeiras cantando, veio uma memória da minha infância. As mulheres cantavam na beira do rio.” (Rivania Lustosa, integrante do Batuque de Mulheres)

“Eu me emocionei muito com a música, porque foi uma coisa que eu ainda peguei quando era pequena, minha mãe também foi lavadeira. Eu acompanhava ela e a minha avó no rio. Sou descendente de indígena e me emocionou bastante. Não vejo a hora de estar cantando ela, representando a minha origem e o meu povo.” (Gabriela Santos, integrante do Batuque de Mulheres).

A produção musical da música é assinada por Camila Pedrassoli e foi gravada e editada por Camila e Vitória de Santi, durante as aulas de produção musical do Batuque, com interpretação das artistas Rafaela Brito, Pretta Soul e 23 integrantes do Batuque de Mulheres. Além da música, também será lançado o EP “Batuque de Mulheres 23” com o processo de aprendizagem da música separada em instrumental, acapella, só tambores e em breve, será lançado um clipe, que enaltece as belezas naturais do Rio Grande do Norte e saúda Iemanjá e Oxum, orixás das religiões de matrizes africanas.

“Pra nós da Guria Produtora é uma felicidade ver esse lançamento acontecer. Acompanhar de perto a evolução das alunas durante o ano se comprometendo com a música e participando de todas as etapas, além de passarem pelo processo todo do reconhecimento da canção, da letra, depois a preparação corporal e vocal, as aulas de produção musical mostrando como que construímos a música, a colaboração das alunas no roteiro do videoclipe, as gravações, até a chegada do produto final.

Muito felizes de poder chegar num resultado tão lindo, de uma música tão especial para a Rafaela e para o Batuque de Mulheres, reflexo dessa união de tantas pessoas afim de fazer a coisa acontecer da melhor maneira.

Por aqui ficam os agradecimentos à equipe do GAMI/RN, a Cores Que Tocam Produções e todas as artistas, Pretta Soul, incrível como sempre, alunas e equipes do Batuque de Mulheres por confiarem no nosso trabalho pra desenvolvermos isso juntas.” (Camila Pedrassoli, diretora da Guria Produtora)

OUÇA AGORA: https://open.spotify.com/track/3DxhNpb6zDNezD34U8KTOc?si=ZAnKy7PTTiC7Af_dXnfVrg

Sobre o Batuque de Mulheres

O Batuque de Mulheres é um projeto sociocultural idealizado pelo GAMI/RN, com atuação na zona norte de Natal desde 2019. A aproximação da professora Rafaela Brito com o projeto se deu por meio de um convite para que ela ofertasse oficinas de percussão para as mulheres que faziam parte do grupo e da comunidade. De lá para cá, o Batuque de Mulheres tem contribuído para o processo de musicalização de mulheres de idade, etnia, classe social e sexualidade diversas, além de promover o bem-estar, o lazer e o empoderamento através das atividades realizadas.

Atualmente, o Batuque de Mulheres possui patrocínio do Instituto Neoenergia, da Neoenergia Cosern e do Governo do Estado do Rio Grande do Norte, através da Lei Câmara Cascudo, o que tem possibilitado que, além das oficinas de percussão, sejam oferecidas também aulas de canto, produção musical e atividades de autocuidado. A versão final de “Saudade da Preta” é o resultado do trabalho realizado pelo Batuque de Mulheres no ano de 2023, é a força de todas essas mulheres juntas fazendo de suas histórias, arte.

Lamonier Araújo

Lamon é o apelido carinhoso que Lamonier Araújo, Jornalista potiguar formado pela UFRN, recebe de seus amigos. Sempre disposto a ajudar a turma com dicas de lazer no Rio Grande do Norte, resolveu criar esse espaço pra facilitar a vida da galera. É repórter, produtor, baladeiro, desenrolado…

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